O que é o burnout?

Tem-se vindo a falar imenso sobre o burnout. O número de pessoas que o sente é cada vez maior. Mas, na realidade, é um fenómeno que sempre existiu. Quantas vezes não ouvimos frases como “O meu colega teve um esgotamento, teve de meter baixa”? Hoje em dia, mais do que a palavra esgotamento, usa-se o termo burnout.

Burnout vs. Stress

É comum confundirmos burnout com stress, mas são fenómenos distintos que, apesar de se cruzarem, têm impactos diferentes na nossa saúde mental. Perceber esta diferença é essencial para identificar os sinais de alerta e procurar ajuda.

Um dos elementos diferenciadores do burnout (tradução livre: queimar até ao fim) em relação ao stress é que, enquanto que o stress nos pode levar a ter alguma ação, alguma movimentação, o burnout é completamente limitante.

No burnout, atingimos um ponto de cansaço extremo, sentido quer fisicamente, quer psicologicamente. A nível psicológico, um dos aspetos que se destacam no burnout é a exaustão emocional – há uma sensação de ser impossível conseguirmos lidar com as coisas, de conseguirmos dar mais da nossa energia emocional às situações vivenciadas.

Reconhecer esta diferença é importante. Enquanto que, em pequenas doses, o stress pode ser positivo e é normalmente algo temporário, o burnout é uma condição prolongada que nos esvazia por completo, tornando essencial a adoção de estratégias de recuperação.

As várias faces do burnout

O burnout está altamente relacionado com a nossa ocupação profissional mas não só. Também existe burnout académico, em particular no caso dos estudantes do ensino superior.

Para além disso, surgem cada vez mais estudos que indicam a existência de burnout parental e burnout digital, especialmente num contexto pós-pandémico, onde a linha entre a vida pessoal e profissional se tornou mais ténue devido ao teletrabalho e à hiperconectividade.

Estarmos constantemente ligados através de múltiplos dispositivos e plataformas, como smartphones, computadores e redes sociais, resulta numa comunicação sem pausas, onde a linha que separa a vida pessoal da profissional se torna difusa, podendo contribuir para a sobrecarga mental.

A pressão do mundo moderno

Além de estarmos sempre ligados, as exigências são cada vez maiores. Estamos num mundo cada vez mais competitivo, onde não competimos apenas com o nosso colega do lado mas sim com todas as pessoas do mundo dada a multiculturalidade e universalidade das empresas. Estamos cada vez mais em desvantagem e há uma exigência enorme que nos é colocada em cima, seja ela externa (como, por exemplo, por parte de chefias ou professores) ou interna (“Tenho de ser melhor, tenho de ser mais”).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o burnout foi oficialmente reconhecido como um fenómeno ocupacional, sendo caracterizado por três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal no trabalho.

A despersonalização e o ciclo vicioso do burnout

Quando falamos de burnout, é impossível ignorar a despersonalização – um estado psicológico que nos distancia de nós mesmos e das nossas emoções. É como se, para nos protegermos do sofrimento, nos desligássemos daquilo que sentimos, adotando uma postura de indiferença em relação ao que nos rodeia.

A despersonalização é mais do que uma apatia. É quase como se estivéssemos só a existir. É como uma frieza não intencional. É quando o cansaço nos leva à desistência – não uma desistência de “Não quero mais isto” mas sim de “Eu não tenho mais capacidade para me entregar a isto”.

Uma reação comportamental do burnout é, exatamente, o evitar, o fugir das coisas, o não querer lidar com a ameaça. Há uma estagnação muito grande relativamente ao que vamos fazer. E isto é um ciclo: muita exigência a nível profissional ou académico leva a um cansaço extremo, que leva a uma despersonalização, que leva à incapacidade de agir porque não sentimos vontade. Esta falta de vontade leva-nos a sentir culpa e esta sensação vai reforçar todo o ciclo, levando a uma maior inação.

Além disso, este ciclo também pode ser agravado pela falta de reconhecimento ou validação externa, intensificando a perceção de que o esforço que fazemos nunca é suficiente.

Perceber este ciclo é essencial para conseguir interrompê-lo. Reconhecer os primeiros sinais de despersonalização, como a perda de interesse ou a sensação de vazio emocional, permite que possamos procurar ajuda ou implementar mudanças antes que o burnout se intensifique.

Como identificar e combater o burnout

O stress extremo ou crónico (crónico no sentido em que estamos continuamente perante exigências do nosso meio às quais sentimos que, também continuamente, não conseguimos dar resposta) podem levar, efetivamente, ao burnout. E, porque tudo isto tem um estímulo, quando nos sentimos stressados, um dos primeiros aspetos a percebermos é “O que é que me está a levar a ter esta reação?”, pois existem diferentes formas de atuarmos sobre diferentes stressores.

Estratégias como a psicoterapia, a prática de mindfulness, a organização de tempos de pausa e a promoção de limites saudáveis entre a vida pessoal e profissional são apontadas como formas eficazes de prevenção e tratamento. Adicionalmente, algumas empresas têm adotado políticas de bem-estar mental, com programas de apoio psicológico e iniciativas de trabalho flexível.

Outras práticas benéficas incluem a educação sobre saúde mental, a criação de espaços de partilha emocional e a valorização de pequenas conquistas do dia a dia, ajudando a reconstruir a motivação interna.

Saiba mais sobre como dar resposta ao stress no nosso artigo “Como lidar com o Stress?”.

Reconhecer o burnout como um problema real e crescente é o primeiro passo para quebrar este ciclo! Ao promovermos a consciência sobre os sinais de alerta, normalizarmos a procura por ajuda e incentivarmos práticas de autocuidado, conseguimos construir um ambiente mais saudável e sustentável. Seja a nível individual, organizacional ou social, é essencial que o bem-estar mental deixe de ser visto como secundário e passe a ser encarado como uma prioridade.

Deseja aprender mais sobre como identificar e prevenir o burnout, protegendo o seu bem-estar psicológico e físico?

Aprenda com o Curso de Gestão de Stress e Prevenção de Burnout como minimizar os sintomas do stress e atingir uma vida mais calma e equilibrada.

Curso Gestão de Stress e Prevenção de Burnout

A informação disponibilizada neste artigo e no Curso de Gestão de Stress e Prevenção de Burnout, não substitui acompanhamento psicológico profissional.

Pedir Proposta