Porque não consigo ser
emocionalmente inteligente?

As nossas emoções estão presentes a toda a hora e, muitas vezes, não temos noção do seu real impacto. Também muitas vezes, esquecemo-nos que numa tomada de decisão, por norma, a nossa decisão é feita em primeiro lugar de forma instintiva, automática, emocional e, só depois, vamos à procura de razões, justificações racionais que vão ao encontro dessa tomada de decisão.

Se não tivermos consciência de como as nossas emoções nos vão influenciar e, acima de tudo, quais os gatilhos, os antecedentes que nos levam a ter determinadas emoções, nunca iremos conseguir gerir essas emoções da melhor forma e tirar delas os maiores benefícios, nas mais diversas situações que poderemos enfrentar.

Existem pessoas dotadas de conhecimento e ferramentas incríveis, na sua área profissional, com um poder argumentativo e uma estrutura de pensamento fenomenais… mas que têm uma barreira de controlo emocional que os bloqueia em várias situações, como por exemplo ao falar em público, ao entrar numa discussão ou a comunicar com o próprio chefe. Porque é que isto acontece? Porque é que alguém tão seguro do seu conhecimento não consegue ser, ao mesmo nível, emocionalmente inteligente?

Frequentemente, e acima de tudo, as pessoas não conseguem acalmar-se, tranquilizar-se.

Se estivermos perante uma audiência, sabemos que as pessoas estão a fazer julgamentos sobre nós – e isto cria, automaticamente, uma pressão interna. Se estivermos perante o nosso chefe, sabemos que o que sair dessa interação pode ser determinante relativamente a consequências para o nosso trabalho. E outros tantos cenários.

Em momentos de pressão como estes, há alguma coisa em causa e existe uma consequência derivada dessa situação – e nós estamos conscientes dessas consequências e queremos que sejam o mais positivas possível (ou que, pelo menos, não tragam malefícios para nós mesmos). O problema é que a larga maioria das pessoas não entende como usar esta pressão de forma benéfica e motivadora, ao invés de prejudicial.

A verdade é que o nosso sistema de ensino, particularmente em crianças e no nosso desenvolvimento socioemocional – algo que é fundamental -, não nos permitiu desenvolver estas características. Isto significa que, se não tivermos alguém que nos acompanhe e nos diga “É de x forma que podes conseguir regular um pouco melhor as tuas emoções”, é improvável que tenhamos essas ferramentas.

Na realidade, vamos aprendendo, por exemplo, através daquilo que os nossos pais nos ensinam. No entanto, se estes, por sua vez, tiverem ferramentas não adaptativas (como evitamentos ou procrastinação), é isso mesmo que iremos tender a repetir. A partir do momento em que conseguimos identificar que estas ferramentas até nos podem trazer prejuízo mas que, de alguma forma, nos permitem lidar com os acontecimentos de maneira a que nos sintamos relativamente bem, tendemos a perpetuá-las, mesmo que não sejam as mais adaptativas. É precisamente esta relação que a maioria das pessoas não consegue fazer.

Um dos aspetos fundamentais na inteligência emocional é compreendermos as nossas emoções analisando os antecedentes, ou seja, o que nos levou a sentir uma determinada emoção. Os antecedentes podem ser diretos (fatores de uma determinada situação em que estamos inseridos e que nos levam a sentir aquilo) ou, passando a redundância, mais anteriores (que, de alguma forma, nos condicionam a, sempre que estamos num tipo de situação, reagirmos sempre do mesmo modo). Entendermos isto é crucial para sabermos como iremos reagir no futuro.

No entanto, além de pensarmos nos antecedentes, temos também de pensar nas consequências. “O que é que esta minha reação emocional me está a fazer ter? Que resultados estou a retirar destas situações?”. Fazer esta avaliação leva tempo, leva esforço e as pessoas não estão preparadas, capazes ou, principalmente, predispostas a ter este esforço de pensar nas suas próprias emoções – e esta é a grande e principal limitação.

Saiba mais sobre o tema no episódio 1 do nosso podcast “Mas afinal, o que é a Inteligência Emocional?” – veja o vídeo aqui.

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